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de todo mal que se disse só pecou quando foi brando

1.10.06

Brasil Crónicas 10


Plásticas

Eu não fui ao Brasil apenas para o sol a praia e as mulatas. Confesso. Desde que soube da fama de Pintangui que o Brasil era um imperativo. Assim aproveitei para fazer um primeiro diagnóstico (as convexidades abdominais e a flacidez generalizada assim obrigam) e ver como param os preços das cirurgias plásticas no Brasil que depois dos EUA é o país do mundo com mais intervenções em termos absolutos. Como sou vosso amigo e vejo por ai já umas sombras de papada e uns pés de galinha ladinos a correr levemente pela epiderme trago-vos as últimas do admirável mundo novo da plástica. Para tal consultei a revista especializadas mensal Plástica Beleza - a revista que vai mudar você, onde nos prometem logo na capa: lipo sem mistério e silicones irresistíveis. Primeiro inteiremo-nos da terminologia:
Otoplastia – correcção das orelhas de abano
Blefonoplastia – pálpebras
Mamoplastia – estão a ver, não estão?
Lipoaspiração do submeto - ataque à papada
Bioplastia – cirurgia sem cortes nem costura
HLPA – intervenção hidrolipoaspirativa
Abdoninopalstia – reposicionamento do umbigo
Rinoplastia – nariz
Ritidoplastia – não consegui apurar mas parece-me inspirador
Prótese da pantorrillha – barrigas das pernas falsas
Ginecomastia – correcção das mamas masculinas
Hipoplasia – arredondar o bum bum achatado
Isto é só para terem uma ideia, claro está.



Assim como diziam num anúncio: é tudo o que precisa para trilhar novos caminhos e esquecer as marcas do passado. Mais fascinante são os implantes mamários da terceira geração (semi-rígidos como as lentes de contacto, mas ainda não de usar e deitar fora). Na primeira geração as mamas pareciam bolas de rugby. Na segunda geração as mamas ofereciam a consistência da gelatina Royal e tinham tendência a descer pelos sovacos a caminho das ancas num fluxo migratório indesejado. Turbinar é a palavra de ordem para aumentar os peitoris, ou peitorais, vá se lá saber. Viva, portanto, a terceira e revolucionária geração do silicone!
Sheila Carvalho esta mais turbinada que nunca – 295 ml de silicone. (um viva também para ela!). Já Solange Frazão (é mesmo verdade) já não precisa de airbags dentro ou fora do carro com os seus impressionantes 350 ml de silicone. Desde O Sobe sobe, balão sobe da Manuela Bravo que não se via uma coisa assim! Os artigos da revista sucedem-se sem apelo: Como turbinar sua comissão da frente ou As novas tendências da rinoplastia – nariz empinado está em baixa.

Fiquei, assim, a conhecer os materiais topo de gama, tal como as próteses revestidas a politureno, silicone texturizado para uma sensação táctil mais natural e os incríveis revestimentos de elastômero. Sem falar já nas intervenções leves para suavizar os efeitos da gravidade como o fio russo diverso evidentemente do fio búlgaro (sem instruções em cirílico). Face a tanta oferta, indeciso como estava, e para evitar o bisturi e a cara massada durante meses, optei pela ginástica facial. Lêr a revista foi já de si um exercício intensíssimo. Pensei mesmo em comprar uns halteres labiais (eles existem nas melhores casas da especialidade). Caso tenham dúvidas que a plástica resulta ponham os olhos na Sheila e como mudou radicalmente a sua vida, o grande destaque da Plástica Beleza desta semana. Outrora Sheila era mal amada, fixada na comilança, sem força para a malhação (ginástica) e com o astral irremediavelmente em baixo. Mas depois de turbinada, aspirada e retesada é o maior sucesso, está o maior barato, tem o astral na estratosfera. Além do mais, vai em média a 17 festas por mês e tem um namorado 12 anos mais novo. O facto de ser a herdeira do império comercial Pão de Açúcar no Brasil é irrelevante.

Cenas dos próximos capítulos : da experiência limite que o turista alternativo tanto gosta como a ducha de água fria num pais tropical

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