Herminio Loureiro e outros palhaços
O tire-me deste filme teve já a ocasião, logo no início, em pleno calor do Mundial de manifestar a sua opinião sobre o mundo maravilhoso do futebol (Arquivo Julho). Mas o futebol português é, por mérito próprio, um universo cheio de estrelas, cometas e carcaças de naves espaciais à deriva. Falo obviamente dos seus mais altos dirigentes. Carcaças penduradas nos noticiários, jornais e outros mídia, às quais, infelizmente, não podemos escapar. Dediquei, assim, esta semana a este universo que me escapa e não me fascina. Escusei-me a fazer as caricaturas das personagens que o povoam pois são já caricaturas ambulantes, a bem dizer, gigantones em órbita. Tudo isto seria inofensivo se tais gigantones não fossem por vezes satélites, por vezes planetas de outro mundo maravilhoso, o das autarquias.
Hermínio Loureiro - não há pau para ele!
O meu interesse aguçou-se com a portentosa entrevista ao Expresso de um tal Hermínio Loureiro novo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (ele haverá outra coisa que Loureiros nestas dirigências?).
Ora leiam: “Vou querer falar olhos nos olhos com o senhor Procurador-Geral da Republica (não será traumatizar o homem mal acabou de chegar?) numa audiência com carácter de urgência.” Para quê a audiência? Ah, o processo Apito Dourado ! Aqui entra a redundância no seu melhor. Diz Hermínio: “para que tudo seja esclarecido e a verdade claramente apurada”, e não contente continua, “sem branqueamentos nem falsear rigorosamente nada”. Ah valentes pleonasmos!
A coisa ganha novos contornos com a magnifica expressão: “o futebol português não pode viver em suspeição plena” (por oposição às suspeições relativas, parciais, residuais onde o convívio é menos problemático) porque isso “não ajuda o negócio, não ajuda a indústria.” A tautologia continua em grande “houve decisões que foram sucessivamente adiadas pois ninguém queria decidir”.
“Eu não quero em nenhuma circunstância ver transportados para a justiça desportiva os vícios da Justiça (comum). (...) Quero que a justiça desportiva seja célere e possa, inclusive, ser um exemplo para outros”. Bem, o esforço que o jornalista da Lusa deve ter feito para não se rir enquanto recolhia tão celeste depoimento. Deitem fora já os Lusíadas e os Maias! O Ministério que aproveite as palavras de Hermínio Loureiro (e já agora de todos os outros Loureiros) e faça uma antologia para ser estudada nas escolas. Estão lá carradas das melhores figuras de estilo, matizados registos de comunicação e pazadas de pérolas no subtexto.
São textos ricos para melhorar (aí a um trezentos por cento) as capacidades de interpretação dos nossos alunos. O meu desinteresse pelo futebol deixou-me, até hoje, à margem destas figuras, destes discursos, destes momentos de pura antologia.
Reparem agora nesta imagem, sacada abusivamente ao Expresso. Vejam como Hermínio Loureiro, verdadeiro malabarista, joga com as palavras. O que eu tenho andado a perder! Vou deixar de gastar dinheiro a ir ao circo.
Os dirigentes do futebol nacional são a melhor trupe de palhaços ricos que me foi dado a ver até hoje. O Cardinalli que se acautele. São bons, numa cabotinismo apurado e já conquistaram grandes faixas das audiências.
Amanhã “as ligações bestialmente perigosas” entre o futebol e as autarquias com imagens inéditas de
Fátima Felgueiras nua (ou quase).
Não percam amanhã o tirem-me-deste-filme num tema que, pelos vistos interessa, à sociedade: Futebol e Autarquias, Casamento ou Lenocínio?
2 Comentários:
esta série da bola promete, foda-se, ai se promete.
Só tenho pena que esse herminio consiga enganar todos... e ninguem diga nada..
Refiro-me acumulação de cargos politicos( é deputado) e de presidente (patrao) da liga de clubes..
Como é que continua a ser possivel isto no nosso país???
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