eu, homem de cueca apertadinha, me confesso

Fui chamado para mais altos desígnios, o que me deixa um bocado apertadinho. O tirem-me deste filme fina-se assim passados dois anos. Apareceram até vários clones, o que prova que num filme mau cabem sempre mais figurantes. Mas passarócas só mesmo aqui. Em dois anos passaram-se tanta coisas. Até me casei e tirei a carta de condução. Bem dizem que a vida começa aos quarenta. Um blogue é uma formidável válvula de escape. Faz muito vapor. E alivia imenso a neura. Sem os blogues haveria mais conversas de café?, mais vontade revolucionária nas ruas?, mais sociedade civil em movimento?, mais gente a fazer psicanálise?

Destaco dois momentos de glória deste blogue: quando desenterrei Joselito -link da nossa memória colectiva e quando descobri que um cibernauta veio parar aqui com a pesquisa "homens em cuecas apertadinhas". Se isto não é pungente, então não sei.

A crise explicada às crianças ( turcas)

eucumenismo dinâmico

Obama como desafio estético

Venceu OBAMA

"Flash! Flash! I love you but we only have 14 hours to save the earth!" -link

change we can

Dar de frosques à turca

Ah! As odaliscas e os janissaires. Enfim, encher a cara de turkish delights à beira do Bósforo neste fim de semana. Talvez mesmo converter-me ao fundamentalismo islâmico por caturreira.

Regime crise

Para prato de resistência - link
E obviamente como acompanhamento - link

Mais Kriz 5

Mais Kriz 4

Mais Kriz 3

Mais Kriz 2

Mais Kriz 1

casamento gay

Pat, o fulano com quem casei na Bélgica vai fazer dois anos e com que vivo à dez, comentou no seu português aproximativo no momento em que vimos passar a Marcha Gay cá da terra. "São fofas e pandileiros?"

Porque não nos dão o casamento em Portugal? Porque têm medo. São os mesmos que acham que os pretos só nas barracas, os ciganos só nas feiras e as mulheres só na cozinha. Têm medo que pessoas com outras opções possam ser tão comum e banais como eles próprios? Têm medo que lhes ponham em causa a identidade tão ciosamente protegida. São os que querem as bichas só a fazer bichices como na Gaiola das Malucas.

O PSD e PS pareciam diferentes (uns eram livres outros seguiam a disciplina de voto) mas no momento do voto soprou aquele bafo quente nos corredores que provoca calafrios nas nucas dos deputados. Desculpe, disse "Casamento GAY"? Estes, tal como muitos outros, não é um tema fracturante. É um tema engessado até à articulação. Um dia o machismo obsessivo e amedrontado deixará de fazer escola no meu país. Até lá - link.

Parlamento: casamento entre homossexuais chumbado

Daqui a uns anus voltamos a falar!

em busca do ícone gay - Simone Oliveira

Feitas as contas Simone ganha como ícone gay transgeracional. Tem desfolhada ( quem faz um filho fá-lo por gosto). Tem reciclagem pós revolucionária (não é verdade tanta pomba assassinada, não é verdade tanta rosa decepada, não é verdade tanta bica mal tirada). Tragédia na Rua das Flores. Programas em que confunde conversa de botequim com televisão. Tem canções que se prestam aos maiores desvarios dos shows de travestis. E ainda mexe! Parabéns D.Simone! Fica excluída Amália Rodrigues por ser nacioanal e não apenas gay friendly e Marcelo Rebelo de Sousa porque a figura de palhaço rico do circo Chen cansa (muito). Tivesse a Odete Santos mais visibilidade que teríamos uma séria concorrente

em busca do ícone gay - Madalena Iglésias

Madalena tinha tudo para ser um ícone gay. Excesso de pathos e cabelo ripado ate à raiz. Um desaparecimento para Caracas à la Garbo no auge da carreira. Uma rival do coturno da Simone e vários alegados namoros com figuras improváveis tal como António Calvário. E claro o filme, injustamente esquecido, "Sarilho de Fraldas". Mas falta-lhe a decadência moral e física que transforma a artista madura em travesti do Finalmente. Apesar disso deixou-nos uma das frases mais lapidares do showbizzzz: "Trabalhei como uma besta, mas valeu a pena"

link - o incontornável Ele e Ela (um pouco tímido até)

link - (a ler nas entrelinhas) Madalena sentindo o peso da laca

em busca do ícone gay - Artur Garcia

Todos os países têm um ícone gay para onde os homossexuais transferem os seus dramas. Artistas com vidas trágicas e excessivas, entre o aplauso e a ingratidão das multidões. A França tem Dalida, a América tem Judy Garland, a Alemanha tem Zarah Leander. E nós? Quem é o ícone gay português? Aceitam-se propostas.

Façamos o inventário dos eventuais candidatos.

Artur Garcia

1.Reparem no cabelo corte à navalha tão em voga. Reparem no bonito texto com uma mensagem gay subliminar (tens uma porta secreta em vez de coração, hei-de conseguir lugar para mim também, etc) - link

2.Aqui Artur Garcia desabotoa discretamente o casaco de veludo num pequeno tique de flasher para mostrar os alamares - link ou em ritmo calipso - link

3.Nos anos setenta Artur segue sem hesitações a tendência glam-trash com colarinhos estilo barbatana de tubarão. A canção de pendor africanista é um verdadeiro súplicio (delicadamente bela, complicadamente nua) Um mês depois os militares estavam rua. Compreende-se. link

Fortis

Na Bélgica o banco Fortis retirou uma campanha publicitária com o seguinte slogan:

"Here today. Where tomorrow?"

Desde ontem que estava a ser alvo de pichagens:

"Here today. Gone tomorrow."

Desde o tempo em que o Movimento de Esquerda Revolucionário mudou de nome de MER para MES por razões óbvias que não se via uma campanha com um grau de premonição tão agudo.

Cobiça

Em vez de ver o filme Titanic como metáfora do estado actual do sistema bancário especulativo que tal voltar ao início do cinema e rever Greed de Erich von Stroheim? Está lá tudo condensado na cena final no Death Valley e francamente com mais elegância que os telejornais. link