kamikazes
Na lógica narrativa dos filmes de acção americanos há sempre alguém, capaz de tudo sacrificar, que luta contra todos por uma causa que julga justa. Ora que são os kamikazes senão isso mesmo?
Desde 11/9 que deixaram de ser uns fanáticos com uns repentes de loucura para serem uns tipos ocidentalizados com cursos superiores e integrados em equipas que executam minuciosamente atentados. No filme Missão Impossível não fariam melhor, com a subtil diferença que no final do filme o herói é reabilitado pelos seus pares e vive momentos de glória com música sinfónica de fundo. Na realidade os kamikazes assentam noutra premissa de glória ou redenção: o sacrifício da própria vida.
Em vez de filmes sobre bombeiros de NY ou sobre os familiares das vítimas podiam um dia fazer um filme centrado nos kamikazes. Aí vejo complexidade mas também muita incomodidade para o espectador ocidental e muita identificação por parte de todos os humilhados, ofendidos, deserdados e desesperados deste mundo. Por isso nos filmes e noticiários se simplificam as motivações dos kamikazes. Reduz-se a complexidade do fenómeno a um duelo de cobóis.
Como diria Aznar numa conferência pública já depois de apeado do poder: “Se eles me querem matar eu vou matá-los primeiro” (é lamentável mas ouvi isto ao vivo). Ou humilhá-los ou ridicularizá-los, também serve, como temos visto nas imagens que nos chegam desta “guerra contra terrorismo”. Mostrar um soldado a escarafunchar a boca do Saddam após a sua captura foi dos momentos mais baixos desta guerra de imagens e propaganda.
Por isso os kamikazes são perturbantes, incómodos e fascinantes. Porque partilham as características do Rambo e de outros heróis de acção mas estão do lado dos maus da fita. A lógica de conflito aberto dos filmes de acção primários americanos terá deixado sementes por esse mundo. Um mundo que não tem multiplexes mas tem uma televisões como única janela do mundo exterior. Tirem-lhes esses filmes? Agora é tarde. Enquanto continuarmos a tratar o problema do terrorismo como uma coboiada, cheios de certezas e armados até aos dentes, estaremos metidos num beco sem saída.
Os kamikazes deixaram de ser uns tipos a estoirarem-se numas ruas empoeiradas em lugares perdidos para serem um dos produtos de maior expansão da globalização. Por isso temos medo. Por isso ninguém faz troça dos kamikazes. Menos aqui, onde nada é sagrado nem mesmo os bombistas-suícidas.
Desde 11/9 que deixaram de ser uns fanáticos com uns repentes de loucura para serem uns tipos ocidentalizados com cursos superiores e integrados em equipas que executam minuciosamente atentados. No filme Missão Impossível não fariam melhor, com a subtil diferença que no final do filme o herói é reabilitado pelos seus pares e vive momentos de glória com música sinfónica de fundo. Na realidade os kamikazes assentam noutra premissa de glória ou redenção: o sacrifício da própria vida.
Em vez de filmes sobre bombeiros de NY ou sobre os familiares das vítimas podiam um dia fazer um filme centrado nos kamikazes. Aí vejo complexidade mas também muita incomodidade para o espectador ocidental e muita identificação por parte de todos os humilhados, ofendidos, deserdados e desesperados deste mundo. Por isso nos filmes e noticiários se simplificam as motivações dos kamikazes. Reduz-se a complexidade do fenómeno a um duelo de cobóis.
Como diria Aznar numa conferência pública já depois de apeado do poder: “Se eles me querem matar eu vou matá-los primeiro” (é lamentável mas ouvi isto ao vivo). Ou humilhá-los ou ridicularizá-los, também serve, como temos visto nas imagens que nos chegam desta “guerra contra terrorismo”. Mostrar um soldado a escarafunchar a boca do Saddam após a sua captura foi dos momentos mais baixos desta guerra de imagens e propaganda.
Por isso os kamikazes são perturbantes, incómodos e fascinantes. Porque partilham as características do Rambo e de outros heróis de acção mas estão do lado dos maus da fita. A lógica de conflito aberto dos filmes de acção primários americanos terá deixado sementes por esse mundo. Um mundo que não tem multiplexes mas tem uma televisões como única janela do mundo exterior. Tirem-lhes esses filmes? Agora é tarde. Enquanto continuarmos a tratar o problema do terrorismo como uma coboiada, cheios de certezas e armados até aos dentes, estaremos metidos num beco sem saída.
Os kamikazes deixaram de ser uns tipos a estoirarem-se numas ruas empoeiradas em lugares perdidos para serem um dos produtos de maior expansão da globalização. Por isso temos medo. Por isso ninguém faz troça dos kamikazes. Menos aqui, onde nada é sagrado nem mesmo os bombistas-suícidas.
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