Directamente de Helsinquia

O quê? Já acabou o festival?

O tirem-me-deste-filme anuncia em primeira mao: afinal o lobi gay nao controla o MNE mas sim o Festival da Eurovisao. Sem eles o festival já estaria enterrado. Os clubes de fans sao grupos mais ou menos folclóricos, mais ou menos fanáticos que, neste caso, aterraram em Helsínquia e aterram as populacoes locais, embrulhados em bandeiras e parafrenália nacionalista. Os melhores no mau gosto caprichado sao, como nao podia deixar de ser, os ingleses. Mau gosto é com eles.

Os finlandeses, afiambrados para a ocasiao, agitavam a bandeirinha e gritavam o título da cancao local " I want to be alone. I want to go home" . Ministros e outros VIP saiam discretamente antes do fim do espectáculo para afogar as mágoas em vodka.

Os fans verdadeiramente fanáticos que levam isto verdadeiramente a sério sao (desculpem o truísmo) os mais fascinantes. O mundo acaba e comeca ali mesmo entre as cancoes e a danca das pontuacoes. Um pouco como no futebol.

Para utilizar uma metáfora do mundo da droga: o futebol é a heróina, o festival é a cocaína. A dependencia é menor, provoca apenas uma comichao nos neurónios e garante uma trip uma vez por ano. Escapamos assim à miséria do futebol das jornadas e campeonatos intermináveis cheios de agarradinhos.

Os finlandeses a meio das cancoes já estavam a caminho dos bares para enfrascar à séria. Eu próprio mantive a sobriedade por distracao. E por pouco nao fui preso no regresso por ser o único peao que nao andava aos zigue-zagues na via pública. Nao me embriaguei e mesmo assim acordei com uma ressaca.

Nao vi o Eládio Clínico. A RTP ter-se-á esquecido de o desenterrar para a ocasiao?

PS. Um tipo agitou compenetrado, durante todo o espectáculo, duas bandeiras do Vaticano. Nem eu próprio consigo comentar uma coisa destas.