A Desfolhada da Simone
Uma das canções míticas da Eurovisão é a Desfolhada de Simone de Oliveira. Há quem visse ali apenas um alegre folguedo de camponesas minhotas, mas eu, apesar de pequeno, via já uma clara metáfora de virgens desfloradas atrás de montes de palha, sujeitas ao assédio de mancebos apanhados pela canícula. Basta ver a letra: “casca de noz desamparada" e” no momento da consumação do acto “a seara em louco movimento”. Seja como for a Desfolhada foi um fenómeno à escala nacional. Nós até aprendíamos a canção na primária!
Há falta de outro ícone gay credível, Simone de Oliveira pode ocupar honrosamente o lugar. Há muitos anos, estava eu no improvável restaurante do Bairro Alto “Põe-te na bicha”, quando chegou inopinadamente Simone (a verdadeira) seguida de composto séquito. Logo o patrão foi buscar o travesti de serviço que chegou de roldão e que a desoras no restaurante fez um show onde a Desfolhada em playback foi devidamente teatralizada. Quando o artista se ia lançar na tirada “Amor, amor, amor, amor presente em cada espiga desfolhada” os fusíveis estoiraram e acabámos o jantar à luz das velas.
A frase “Quem faz um filho fá-lo por gosto” fez correr rios de tinta na altura. Não é próprio, dizia-se. Seria fá-lo por gosto ou falo (de fálico) por gosto? Ah, a dúvida do hífen era devastadora!
Na altura, em que em vez de coreografias se discutia os vestidos e penteados, Simone garantia uma presença completamente sixties com o devido toucado “a la Nicolau Tolentino” e um verde no vestido como numa mais se viu. E claro a frase que devia ser o mote das campanhas de planeamento familiar. “Quem faz um filho, fá-lo por gosto.” Num claro sinal em defesa da saúde reprodutiva das mulheres. Bem hajas Simone!
Há falta de outro ícone gay credível, Simone de Oliveira pode ocupar honrosamente o lugar. Há muitos anos, estava eu no improvável restaurante do Bairro Alto “Põe-te na bicha”, quando chegou inopinadamente Simone (a verdadeira) seguida de composto séquito. Logo o patrão foi buscar o travesti de serviço que chegou de roldão e que a desoras no restaurante fez um show onde a Desfolhada em playback foi devidamente teatralizada. Quando o artista se ia lançar na tirada “Amor, amor, amor, amor presente em cada espiga desfolhada” os fusíveis estoiraram e acabámos o jantar à luz das velas.
A frase “Quem faz um filho fá-lo por gosto” fez correr rios de tinta na altura. Não é próprio, dizia-se. Seria fá-lo por gosto ou falo (de fálico) por gosto? Ah, a dúvida do hífen era devastadora!
Na altura, em que em vez de coreografias se discutia os vestidos e penteados, Simone garantia uma presença completamente sixties com o devido toucado “a la Nicolau Tolentino” e um verde no vestido como numa mais se viu. E claro a frase que devia ser o mote das campanhas de planeamento familiar. “Quem faz um filho, fá-lo por gosto.” Num claro sinal em defesa da saúde reprodutiva das mulheres. Bem hajas Simone!
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