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de todo mal que se disse só pecou quando foi brando

16.4.07

este blogue está em crise festivaleira



Tenho uma confissão a fazer, após a qual este blogue perderá qualquer réstia de credibilidade.

Não, não andei a meter para a veia, não sou bulímico, não fui assediado pelo Padre Dâmaso nos escuteiros, não fiz biscates no Parque Eduardo VII para comprar blusões e sapatilhas, não usei samarra nem tinha mocas de Rio Maior, nem G3 em casa durante o Verão quente, não dormi como artistas do Parque Mayer nem da Barraca, não passei noites em hotéis com tipos ávidos e oleosos que actualmente são figuras públicas. E sabe Deus se tentei. Não só tentei relações espúrias com futuros políticos como experimentei tudo o resto (as sapatilhas, os blusões, as mocas, as confissões e mesmo os actos de contrição).



Eu gosto do Festival da Canção! Tal como uma droga dura ganhei habituação na infância e droguei-me desmesuradamente nas terríveis anos setenta. Estive duas décadas limpo. Agora voltei a consumir festivais como droga recreativa, apesar de já não estar agarradinho. O Festival é uma droga que já ninguém consome pois há produtos de síntese mais modernos como a Chuva de Estrelas. Mas eu mantenho-me fiel! Todos os anos sigo o festival e extasio-me com os níveis de mau-gosto. Eu gosto do mau-gosto. Apesar de morto e enterrado em Portugal o Festival da Eurovisão teve um came back no resto da Europa, dizimando novas gerações, sobretudo nos países nórdicos e nos países anteriormente poupados pela cortina de ferro. Cada ano é uma festa insensata. Há um esforço para atingir o verdadeiro camp. No entanto o resultado é, na maior parte dos casos, um subproduto kitsch.

Mas há mais a confessar. Este ano após a vitória dos Lordi (os monstros) o Festival vai ser organizado em Helsínquia. Helsínquia é um lugar onde sempre me divirto, mesmo sóbrio. Juntei, assim, o agradável ao agradável e vou ao Festival na Finlândia. Não é por acaso que o herói da saga finlandesa se chama “Vainamoinnnen” (é mesmo verdade).

Sim. Vou estar ao vivo no Eurofestival! A partir de hoje, não mais indignação com o que se passa no mundo, na Europa ou em Portugal. Férias das passarocas. Tchau aos comentários relevantes e irrelevantes. Chegou o meu momento de alienação. Verdadeira alienação. Até lá deixo-vos algumas canções que ultrapassaram o kitsch e entraram de pleno direito no reino do camp. São verdadeiras pérolas.


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