Joselito - o cantor kitsch

Vocês lembram-se do Joselito ? Não? Ainda bem. O Joselito era uma criança com ar de trombeta castelhana e uma grande estrela dos anos sessenta no país vizinho. Era a cristalização do primado espanhol: "Berro, logo existo". Atendendo ao tamanho do rouxinal castelhano e ao volume da ave canora, a criança tinha seguramente as barrigas das pernas transformados em amplificadores.

Nas infinitas tardes de cinema de Domingo passavam filmes do Joselito. Com semelhantes trinados e histórias a puxar a lágrima não é de espantar que toda uma geração de telespectadores esteja ainda a Prozac. Tal como o tálio que afinal era polónio, com que morreu o espião russo, Joselito era a arma secreta castelhana para nos deixar no estado de prostração em que ainda nos encontramos, para mais tarde nos invadir sem resistência. Provas? Quando nos anos oitenta a irritante Maria Armanda cantava “Eu vi um sapo” referia-se obviamente a tromba de Joselito. Mas Deus não dorme! (cochila às vezes) Joselito acabou preso acusado de uma rede de narcotráfico e outros negócios escuros na sua cadeia de motéis.

Neste capa Joselito canta Mi madre querita, Princesita e o assutador Chun-Dara-Tachun.

Ora vejam a força da arma secreta espanhola!

Joselito chamado de Pequeno Rouxinol - link

Joselito a cantar os clavelitos. Tanta tuna académica devastada pelo efeito Joselito - link

e finalmente Joselito num bonito número de exorcismo - link

Joselito tem uma qualidade verdadeirmente kitsch e, como os bons vinhos, apurou com os anos. Desde Aljubarrota que os espanhois não manifestavam tanta crueldade para invadir Portugal.

Reparem na capa. Por trás de Joselito paira a figura tutelar do adulto de gravata preta e lenço branco no bolso. Pode ser uma alegoria ao regime autoritário espanhol, como pode ser uma premonição do caso Casa Pia e de muitos outros que envolveram padres e crianças em colégios e seminários por esse mundo fora. Ou tão só o poder económico que avança resoluto para transformar Portugal numa colónia de férias espanhola. Eu já vi aquela gravata e aquele lenço branco num voo matinal da Ibéria - Madrid - Lisboa.

Que a Espanha é kitsch a malta sabe, mas não há nada como ir às fontes, para denunciar esta conspiração que se prepara há decadas para por o nosso país a saque; da qual Joselito, os sucedâneos de chocolate e as bolachas Cuetara foram a ponta de lança! Levanta-te Portugal e manda-lhes a Ágata para Badajoz!