Estado da Saúde em Portugal

Este ano tenho feito um curso forçado de hospitais passando pelas mais variadas especialidades a acompanhar pessoas que me são queridas. Radiologia, oncologia, cardiologia, fisioterapia, cuidados intensivos, sempre na Bélgiva e, finalmente, agora em Portugal ortopedia por causa da minha mae. Em breve eu próprio estarei em psiquiatria.

O nosso serviço de saúde nao é tao mau como o pintam. A parte técnica não é pior em Portugal e a comida incomparavelmente melhor. Creio que na Bélgica a comida é assustadoramente má de propósito para por os doentes a fugir dali para fora o mais depressa possível. Quem não passou por hospital belga nunca mais esquecerá a fatia de pão de forma e queijo ás cinco da tarde a fingir que é o jantar. Em Portugal podem faltar meios e organização mas por pouco não roubei o almoço à minha mãe, tão bem que cheirava. Agora a falta de informaçao é assutadora. Tratam, mas o como, o porquê e o que se passa é sempre tirado a saca-rolhas.
Mas os hospitais portugueses não se apoiam apenas na excelente cozinha para revitalizar doentes. Podem faltar meios, mas o factor humano está presente e cumo! Ao lado da cama da minha mãe uma senhora de 70 anos, óculos graduados e carrapito tentava vomitar com esforço para dentro de um saco. Três visitas assistiam com ar contristado. Foi aí que apareceu a assistente de enfermagem que teve esta tirada animadora. Relato sem acrescentar nem exagerar uma vírgula. Imaginem uma voz estridente e a mão na anca

Então filha. Estás enjoada. O que foi isso. Cá para mim apanhastes-nos distraídas e fostes lá acima ao sítio do pica-pau amarelo para te distraíres e agora estás grávida. É isso, filha! Tu deves estar é grávida!

Nota. Segunda a topografia do hospital presumi que o sítio do pica-pau amarelo era uma referência ao Parque de Monsanto de Lisboa. O que é verdade é que a doente ficou logo sem vómitos e dois dias depois já não estava em ortopedia. Só Deus sabe por onde andará neste momento.