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de todo mal que se disse só pecou quando foi brando

12.11.06

JAS, MST Agustina. Juntos contra a maricagem!

Em tempos tive o desprazer de estar presente num jantar na presença de um padre influente e de referência a nível nacional (dentro dos limites de referência que um padre pode ser). Entre o rissol e a canja não perdi a oportunidade de inquirir o conviva e ouvir a palavra do Senhor. Mesmo mastigada a palavra do Senhor alumia. Segundo ele, e aparentemente a doutrina da igreja aqui não admite grandes desvios, a homossexualidade não é condenada pela igreja católica, desde que, obviamente, não seja praticada. Por conseguinte, pederastas sim, desde que inocentes e intactos.

A mesma receita aplica-se aos católicos que depois de falhado um casamento na igreja decidem reconstituir a vida com outra pessoa. Separados sim, debaixo do mesmo tecto com alguém, sim, mas em renúncia, em castidade, em penitência e já agora de preferência em camas separadas. Foi este o conduto desta homilia feita na hora. Simplifico a argumentação para não vos maçar. Já a linha tortuosa da Igreja Católica parece-me, porém, ter ficado suficientemente nítida.
É uma interessante pirueta argumentativa feita com relativa elegância, muitas vezes seguida pelos arautos dos bons costumes quando se têm de pronunciar sobre essas coisas maçadoras, vulgo os temas fracturantes.

Vem tudo isto a propósito de comentários sobre a homossexualidade que polvilham os nosso jornais. Ele é os casamentos estéreis das pessoas do mesmo sexo de José António Saraiva. Ele é a fina distinção entre gays e maricas de Agustina Bessa Luís; Ele é, finalmente, o ar ora incomodado ora agastado de Miguel Sousa Tavares com a visibilidade dos gays.

Imagino-os às voltas na cozinha. A fartura maçuda e requentada constantemente polvilhada, para ganhar um arremedo de frescura. Aborto? Toma lá uma mão cheia de ética, valores e remorso. Eutanásia? Ora apanha aí uma nuvem de superioridade moral. Direitos para os maricas? Leva lá um aceno de condescendência refinada. Bem! O que esta fartura empanturra! E com argumentos deste é azia garantida. Eu tenho para mim que é do óleo. Deixam o óleo muito tempo e depois rança. Já se sabe. Uma maçada. Uma gente com tão boa mão para a cozinha e com tão pouco jeito para os fritos.

Quanto ao padre do início desta história vai ter problemas mais graves para resolver. E dos bicudos. Para poder aceitar os homossexuais tal como são (praticantes e animadamente praticantes sem remorso nem renúncia) vai ter que começar por gostar dele mesmo. Aí estou a ver a coisa um pedaço mais difícil.

Homofobia por homofobia prefiro a do meu corrector ortográfico que teima em querer corrigir maricas por marrecas, maridas, marinas e magicas e maricagem por maridagem, marinhagem e mareagem. Pois seja! Mareagem, maridagem, marinhagem! Venha o que o Nosso Senhor quiser!

4 Comentários:

Às quinta-feira, 09 novembro, 2006 , Blogger Sofia C. disse...

Post muto inspirado e certeiro. Esta mania que tem parte da sociedade rançosa de impor a sua moral aos outros. E aquela do padre que vai ter de aprender a aceitar-se é boa e também muito certeira. Aceitem-se, vivam felizes e deixem o pessoal seguir a sua vida, será assim tão difícil? Para alguns parece que sim...Dá-lhes, é preciso sacudir este pó e cheiro a bafio.Sofia

 
Às quinta-feira, 09 novembro, 2006 , Anonymous Anónimo disse...

Quando preenchia o documento que me candidata a madrinha de batismo de uma criança, uma das questões era: "Existe algum facto que constitua impedimento para ser madrinha (consulte a lista de impedimentos)?" Para além de "viver em pecado" com alguém, acabei de encontrar outro facto que constitui impedimento! Continuo com a curiosidade mórbida de consultar a tal lista!!

 
Às sexta-feira, 10 novembro, 2006 , Anonymous Anónimo disse...

isso de viveres em pecado é coisa que devia acabar, manda-o(a) sair já de casa!!

 
Às sábado, 11 novembro, 2006 , Blogger jcsmadureira disse...

Moral da história - entre a canja e o rissol não se deve inquirir pretensos porta-vozes de moral absoluta (humana ou divina, pouco importa). Sobretudo se o tema conjuga dois conceitos que sempre se juntaram como a água e o azeite: a homossexualidade e a moralzinha bafienta daqueles que dos outros só aceitam a renúncia e a abstinência.

 

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