Sarajevo
Cinco dias em Sarajevo e não me sai da cabeça a estúpida e oportunista canção dos UHF. Quatro anos de cerco, campos cheios de cemitérios improvisados nos espaços livres da cidade, campas de bósnios, de croatas de sérvios, genocídios, violações, atrocidades, massacres, cercos, snipers, marcas de balas nas paredes. Ao mesmo tempo a cidade encantadora com gente acolhedora, sem ressentimentos, sem ódios, sem vinganças. A guerra tem o condão de deixar os lugares parados no tempo. Sarajevo ficou nos anos oitenta. Não há hipermercados nem cadeias de fast-food. As marcas da guerra desaparecem aos poucos. As do consumo desenfreado ainda não chegaram. Sarajevo tem um capital simbólico único. Ó início da primeira guerra mundial. A guerra dos impérios. O fim da guerra dos Balcãs em 1995. A última guerra dos nacionalismos e, simultaneamente, a primeira guerra das religiões. Almir, o motorista de táxi que nos leva ao aeroporto foi camaraman durante a guerra e viu mais horrores do que eu alguma vez poderei imaginar. É muçulmano, tem olhos verde-água. "War is shit". Encolhe os ombros. Mostra-me a cicatriz no braço. Amanhã o Kosovo pode declarar a independência unilateralmente. Podem as coisas correr mal nos Balcãs, mais uma vez.
Etiquetas: Viagens
1 Comentários:
Espero ver o Popeline pelo Natal, para dois dedos de conversa. Quero saber coisas de Saravejo e dessa Bélgica que demora a formar governo.
Um abraço.
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