Big Brother is watching you!
Recentemente na revista sueca Fokus fazia-se o ponto da situação desta mania securitária que se tornou numa deriva paranóica. Todos os estudos apontam (e os suecos são bons em estudos) que as câmaras na via pública não reduzem nem têm qualquer efeito dissuasor nas agressões, no crime ou no vandalismo urbano. No entanto, a maioria da população deseja ardentemente a videosegurança . Somos vigiados para provocar sentimentos de segurança e não propriamente para criar segurança.
Câmaras instaladas no no centro de Estocolmo. Estão previstas mais outras tantas.
Há países mais video-segurados que outros. Sempre na proporção inversa do respeito da privacidade e consequente redução de liberdade individual. Se pertenço a um movimento de contestação, usará o estado a vigilância sem entrar na minha esfera privada? E consciente da presença de câmaras onde ficará o meu ardor contestário?
Um exemplo concreto. Decido fazer umas valentes pichagens ao cartaz do PRN no Marquês. Faria o mesmo se houvesse uma ou mais câmaras a garantir a integridade do cartaz racista e ofensivo? Vendo os atropelos urbanísticos e a má gestão camarária a única câmara que funciona em Lisboa é o olho do cu. Eu não costumo ser ordinário, mas desculpem lá, desta vez impõe-se.
Mas nem tudo está perdido. Ao menos ao nível das liberdades individuais não estamos na cauda da Europa. Felizmente há ainda quem se lembre do que era a PIDE, os bufos e a delação no antigo Portugal.
Lista dos piores e dos melhores países quanto ao respeito da integridade dos cidadãos do relatório Privacy & Human Rights 2005 www.privacyinternationalorg.com Nós estamos na lista positiva num simpático oitavo lugar.
À cabeça dos estados super-vigiados está o Reino Unido. O que não é de admirar, pois cada vez mais se parece com uma colónia dos Estados Unidos. País que me irrita cada vez mais com a sua alegada superioridade moral, o seu puritanismo cretinóide e hipócrita e as suas derivas orwellianas. Portugal não está na lista dos melhores por mérito próprio, por determinação ou planificação mas apenas por incúria e distracção. Mas o que interessa? Em Portugal ainda posso ir às casas de banho públicas sem que o SIS escreve na minha ficha “boxers com coelhinhos amaricados; indivíduo a manter sob apertada vigilância.”
Alguém está de olho em ti
1 Comentários:
Concordo em absoluto. Em matéria de olho institucional somos ainda um país de vesgos. Atrasadinhos e pobres, limitamo-nos ao velho hábito, característico do mirone de bairro, de espreitar o vizinho pelo prazer da coscuvilhice saloia. Mas o mundo civilizado e rico está cada vez mais perigoso. E nós estamos dia a dia mais parecidos com esse mundo.
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